Mato Grosso do Sul, 16 de abril de 2025

Os temores do Brasil diante do imprevisível tarifaço de Trump: ‘País está na mira da Casa Branca’

Governo e exportadores brasileiros aguardam com apreensão o anúncio de um novo tarifaço pelo governo Donald Trump que promete elevar impostos de importação nos Estados Unidos contra diversos países e produtos. O anúncio está previsto para a quarta-feira (2/4), que está sendo chamada pelo republicano de “Liberation Day” (Dia da Libertação).

Na visão de Trump, encarecer as importações vai proteger e fortalecer a indústria doméstica, enquanto críticos afirmam que vai encarecer a produção americana e desatar uma guerra comercial global.

Até o momento, não está claro qual será o impacto para o Brasil, que tem os Estados Unidos como seu segundo maior parceiro comercial, atrás apenas da China.

Diferentes cenários estão no radar: desde o mais otimista, em que apenas o etanol teria aumento de tributação, até o mais pessimista, em que uma nova taxa de importação seria aplicada de forma linear a tudo que os EUA compram de exportadores brasileiros, dentro da nova “política de reciprocidade” de Trump.

Segundo essa política, a Casa Branca deve elevar suas tarifas de importação ao mesmo patamar dos tributos cobrados sobre seus produtos exportados — e o Brasil é um dos países que, segundo a avaliação da gestão republicana, tem barreiras comerciais mais duras, seja por meio de tarifas de importação mais altas ou por outras regras, como exigências sanitárias e burocráticas.

“Há muita especulação sobre o 2 de abril, ninguém sabe ao certo o que vai sair”, disse à reportagem Welber Barral, ex-secretário de Comércio Exterior do Brasil e hoje consultor na área.

Em meio à incerteza, o Senado aprovou na terça-feira (01/04) um projeto que cria novas ferramentas para o Brasil reagir a barreiras comerciais de outros países.

A proposta, que ainda será apreciada na Câmara dos Deputados, tinha como foco inicial reagir a barreiras ambientais europeias ao agronegócio brasileiro, mas ganhou impulso diante da nova política tarifária dos EUA, reunindo amplo apoio no Congresso e no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Por enquanto, o principal impacto da gestão Trump para o Brasil veio da decisão de começar a aplicar, em 12 de março, uma taxa de 25% sobre todas as importações de aço e alumínio.

A medida é importante porque produtos derivados de ferro e aço são o segundo item brasileiro mais exportado para os EUA, tendo somado US$ 2,8 bilhões em vendas em 2024, ficando apenas atrás de petróleo (US$ 5,8 bilhões).

Além disso, há a previsão de que a taxa cobrada sobre o etanol brasileiro vendido aos EUA passe de 2,5% para 18% a partir de 2 de abril, para igualar a taxa cobrada do Brasil sobre o etanol comprado dos americanos — mas o produto tem menos relevância nas exportações brasileiras.

O governo do presidente Lula tenta evitar que essa taxação entre de fato em vigor, ao mesmo tempo em que negocia para que o país seja poupado de um amplo tarifaço, mas o cenário continua incerto.

Ele não descarta acionar a Organização Mundial do Comércio (OMC) ou retaliar os EUA com mais barreiras, caso as negociações não funcionem.

“Antes de fazer a briga da reciprocidade, ou de fazer a briga na Organização Mundial do Comércio, a gente quer gastar todas as palavras que estão no nosso dicionário para fazer um livre comércio com os Estados Unidos“, disse Lula no sábado (29/03), durante viagem oficial ao Vietnã.

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