A hidrovia Paraguai-Paraná, com mais de 3 mil km de extensão, conectando portos da Argentina, Brasil, Bolívia, Paraguai e Uruguai, tem sido apontada por especialistas e agora também pelo The Washington Post como uma rota estratégica para o narcotráfico, especialmente no transporte de cocaína para a Europa
O diário norte-americano realizou uma investigação detalhada sobre o uso da via navegável, antes focada no transporte de mercadorias, que agora se transformou em uma “superautopista de cocaína”. O comércio de cocaína, que antes seguia rotas tradicionais ao norte, encontrou no sul da região uma nova alternativa para exportar grandes quantidades da droga.
A hidrovia tem sido usada principalmente para enviar cocaína para o mercado europeu, com portos como o Rio da Prata, na Argentina, e cidades no Paraguai tornando-se pontos de passagem para carregamentos de drogas. Um exemplo notável foi a apreensão de mais de 500 kg de cocaína escondidos em uma carga de sementes de gergelim, interceptada em Hamburgo, Alemanha, em julho de 2023. Este caso gerou uma crise política no Paraguai, que viu suas falhas no sistema de controle expostas, apesar dos investimentos em scanners para fiscalização nos portos.
A falta de infraestrutura e de monitoramento aéreo adequado no Paraguai, além da utilização de rotas clandestinas, facilita o tráfico de drogas na região. A reportagem revelou também a habilidade dos traficantes em enganar os scanners, como no caso de quatro toneladas de cocaína ocultas em sacos de açúcar, que passaram despercebidas.
Além disso, a recente suspensão da cooperação entre o Paraguai e os Estados Unidos, particularmente com a DEA, gerou uma crise diplomática e afetou investigações sobre o narcotráfico, incluindo a busca pelo traficante Sebastián Marset. Após a publicação da investigação, o governo paraguaio se comprometeu a fortalecer a colaboração com os EUA no combate ao narcotráfico.
Enquanto isso, o Brasil abriu consulta pública para a concessão da hidrovia do Rio Paraguai, um projeto de modernização que inclui investimentos significativos e melhorias na infraestrutura de transporte fluvial. O projeto visa garantir a navegabilidade contínua da hidrovia, inclusive durante períodos de seca, com investimentos em dragagem e sistemas de monitoramento hidrológico
