Mato Grosso do Sul, 19 de abril de 2025

‘Agiliza aí pra nós’: investigação que prendeu Claudinho Serra implica vereadores em desvio de dinheiro

Investigações do Gecoc (Grupo Especial de Combate à Corrupção), que levaram à prisão do vereador de Campo Grande Claudinho Serra (PSDB) e de outros sete na terceira fase da Operação Tromper, mostram indícios que o suposto grupo criminoso teria envolvimento com os parlamentares da Câmara de Vereadores de Sidrolândia, inclusive com o presidente da Casa, Otacir Figueiredo, o “Gringo” (PP).

Vale lembrar que Gringo é do mesmo partido que a Prefeita de Sidrolândia, Vanda Camilo. A chefe do executivo municipal é sogra do vereador Claudinho Serra. 

Segundo o PIC (Procedimento Investigatório Criminal), há dois episódios que indicariam o “financiamento, pagamento e atuação indevida (compra de vereador)” do então vereador Gringo por meio da empresa Rocamora e/ou outras integrantes do esquema criminoso. 

Vereador Otacir “Gringo”. (Alicce Rodrigues)

terena Otacir Figueiredo foi eleito presidente da Câmara de Vereadores em 1º de dezembro de 2022. Antes das eleições, em 14 de junho do mesmo ano, Milton Matheus Paiva envia mensagem para Ricardo Rocamora (ambos presos), para tratar sobre o pagamento de R$ 5 mil para o vereador “Gringo”. Não havia mensagens anteriores sobre o tema. 

Já em 1º de dezembro, no mesmo dia em que Otacir foi eleito como presidente da Mesa Diretora, há outra conversa entre os integrantes do suposto esquema criminoso. Desta vez, Rocamora conversa com Ueverton “Frescura” sobre Gringo passar a ser presidente da Câmara de Vereadores. 

(Reprodução PIC)

Ueverton, então, responde que a vitória de Gringo seria uma jogada política, “reforçando a tese de que ‘Gringo’ possa figurar como destinatário de verbas ilegais oriundas do executivo municipal”, diz a investigação.

O vereador negou as acusações, disse que está “tranquilo” e que acredita no trabalho da Justiça. “Criamos a CPI [sobre Vanda Camilo em 2023] com o propósito de auxiliar a Justiça. Eu sempre deixei claro que a transparência da Câmara é 100%”, garante. 

Perguntado se conhecia Ricardo Rocamora, ele respondeu que só por nome devido à ligação com a Fundação Indígena. Inclusive, as investigações do MPMS apontaram que a instituição também seria usada para fraudar licitações e empenhos, como na compra de carne para uma festa indígena. “Já tinha ouvido falar dele, mas não tenho nenhuma ligação com a Fundação Indígena”, garantiu Gringo.

(Reprodução, PIC)
(Reprodução, PIC)

Repasses para cunhada de vereador

O Gecoc também apontou indício de repasses mensais da Prefeitura Municipal de Sidrolândia para o vereador Izaquel de Souza Diniz, vulgo “Gabriel Auto Car” (PATRIOTA). O parlamentar foi um dos 28 alvos de busca e apreensão da terceira fase da Operação Tromper, em 3 de abril.

Em 1º de agosto de 2022, Tiago Basso envia mensagens para Claudinho Serra, então secretário de Fazenda, informando que teria assuntos para tratar sobre o vereador “Gabriel”. 

Troca de mensagens entre Claudinho Serra e Tiago Basso sobre vereador de Sidrolândia. (Reprodução, PIC)

Em 9 de agosto, oito dias depois, Tiago Basso conversa com um contato nomeado como “Vereador Gabriel”, identificado como o parlamentar Izaquel Diniz. Ele envia foto de uma cartão bancário pertencente à cunhada, casada com o irmão do vereador, para o repasse de valores. Segundo o MPMS, essa seria uma estratégia para ocultar os repasses mensais. 

Na sequência, em 11 de agosto, o vereador enviou outra foto de cartão bancário da cunhada, mas desta vez pertencente a outro banco para fazer o envio de dinheiro. Nesse episódio, ele pede que Tiago agilize o pagamento. 

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